Honório Soares Fragoso e o Cel. Miguel Fragoso

Há algum tempo fiquei sabendo da existência de um certo Miguel Soares Fragoso, ou apenas Miguel Fragoso, e que teria sido personalidade de destaque. O livro de Celso Martins “O Mato do Tigre e o Campo do Gato” o menciona. Eu sabia, através do familysearch, que Miguel era filho de Honório Soares Fragoso e Maria do Pilar. Esse Honório representava verdadeiro mistério nas minhas pesquisas, já que eu tinha o nome de 12 filhos seus, e no entanto ainda não sabia em que lugar da família ele se encaixava. Uma consulta nos livros da Igreja de Curitiba, semana passada, fez com que a dúvida fosse finalmente desfeita. Achei o batismo de Honório, onde encontrei o nome dos seus pais. Levantei, do mais obscuro recolhimento, um acontecimento de 1815. Quase nada em termos de história, mas muito tempo numa sociedade que esquece rapidamente. Mais do que isso, pude compartilhar a descoberta com o autor da obra citada, ressaltando a comprovação de que Miguel tinha sangue indígena, e também a outros descendentes de Honório, que de repente se vêem “conectados” ao resto da árvore que eu já havia compilado. Eis um esboço de alguns dos ancestrais mais próximos de Miguel (os números 8, 9, 16, 17 e 18 também são meus ancestrais):
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1. Miguel Soares Fragoso nasceu em Rio Negro por volta de 1856. Casou-se na mesma cidade a 17.05.1874 com Maria Vieira Machado, filha de Manoel Vieira Machado e de Anna do Rosário.

Miguel foi Coronel da Guarda Nacional, “combatente da Revolução Federalista, tendo ingressado nas tropas de Gumercindo Saraiva”, conforme Celso Martins em seu “O Mato do Tigre e o Campo do Gato” (2007, p. 49). Como assinala o Frei Tambosi em citação de Martins, deve-se ao seu nome e a sua ação a nomenclatura “Lageado dos Fragoso” dada a uma das mais antigas regiões de Concórdia, onde Miguel teria chegado por volta de 1900 e permanecido 18 meses nos campos do Irani. Martins cita Thomé que afirmou que Fragoso era amigo dos principais fazendeiros da região, “muitos deles ex-maragatos, como o coronel Domingos Soares, líder político em Palmas” (THOMÉ 1999, apud MARTINS 2007). O Frei Tambosi diz que Miguel era homem religioso e que mandou construir uma capelinha em honra a Nossa Senhora da Conceição. Miguel Soares Fragoso foi apontado “como o comandante dos caboclos no combate de 22 de outubro de 1912 em Irani, figurando ao lado de Miguel Fabrício das Neves” (MARTINS, 2007 p. 50). Os depoentes declararam que ele não tomou parte no referido combate. Martins lembra que “a má fama de Fragoso se espalhou rapidamente e chegou à historiografia paranaense”, onde é tratado como “figura sombria” e “indigitado cabecilho da malta assassina”. Teria escapado da prisão pela proteção do coronel Domingos Soares.

São ascendentes conhecidos de Miguel Soares Fragoso:

2. Honório Soares Fragoso. Nasceu em Curitiba, onde foi batizado no dia 24.01.1815 (Livro 14, p. 59v), tendo como padrinhos Mariano Cardoso e Maria Antônia Teixeira, mulher de Francisco Soares. Casou-se com Maria do Pilar (segundo todos os registros de seus filhos) ou Maria Cavalheiro (segundo a Lista Nominativa de Villa Nova do Principe no ano de 1850). Quanto o Cel. Miguel nasceu, Honório e Maria já contavam com ao menos 8 filhos. Estava Honório com cerca de 41 anos. Em 1850, Honório, descrito como “pardo”, não sabia ler nem escrever, e estava morando com a família na cidade da Lapa. Em algum momento mudaram-se para Rio Negro, onde faleceu a esposa de Honório. Algum tempo depois, ele voltaria a se casar, a 08.06.1868, dessa vez com Anna Maria de Jesus, da Lapa, filha de Antônio Lisboa e Rosa Palhano, com quem também teria uma filha.

3. Maria do Pilar. A mãe de Miguel Soares Fragoso faleceu antes de 1868, quando ele contava com mais ou menos 12 anos. Com seu esposo teve ao menos doze filhos.

4. Antônio Soares Fragoso. Também natural de Curitiba, onde se casou no dia 30.06.1795 com Floriana de Chaves de Almeida.

5. Floriana de Chaves de Almeida.

8. Domingos Soares Fragoso. Casou-se em Curitiba no dia 30.10.1765 (Livro 3 p. 19v) com Maria Dias Camacho, tendo como testemunhas Miguel Pereira e Manoel Rodrigues. A Lista Nomitativa de Curitiba referente ao ano de 1776 aponta um Domingos Soares, com 27 anos, no rol dos homens casados na cidade.

9. Maria Dias Camacho. Ao nascer, foi exposta na casa de Ignácio Preto, família afortunada financeiramente. Possivelmente fosse filha de indígenas, como também o era seu esposo.

10. Theodoro Esteves dos Reis, casado em Curitiba no ano de 1751 com Ignez de Chaves de Almeida. Filho de Balthazar Carrasco dos Reis, o neto, e de Margarida Esteves dos Reis.

11. Ignez de Chaves de Almeida. Filha de João de Chaves de Almeida e Bárbara Rodrigues da Cunha. Com ascendência que segue conforme Silva Leme (Vol. IV p. 416).

16. João Soares Fragoso, natural de Taubaté, e que se mudou para Curitiba, onde foi casado a 04.02.1745 com Ignez de Chaves da Silva. O seu filho Domingos, no entanto, é fruto da relação com a índia Páscoa das Neves, administrada de seu sogro.

17. Páscoa das Neves, índia, administrada de João de Siqueira.

18. Francisco Dias Camacho. Apontado no registro de casamento de Maria Dias Camacho como seu pai, mas por ele não criada, uma vez que foi exposta.

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3 ComentáriosDeixe um comentário

  1. Olá!

    Andei fuçando a Internet e caí no seu blog.
    Muito bacana mesmo o trabalho.
    Estou no início de uma pesquisa sobre os escravos no Paraná, especificamente Curitiba.
    Meu grupo de percussão, Maracatu, ensaia na Sociedade Treze de Maio.
    Não tem muita documentação disponível e o pouco que tinha, jogaram fora por puro desconhecimento.
    A própria Prefeitura quando reformou a casa, se encarregou de dar um fim a dezenas de ítens importantes na história da casa. O que me leva a pensar que Curitiba quer mesmo apagar sua raiz negra.

    Continuarei fuçando!

    abraço!

    http://www.maracaete.com

    vêja!

  2. Oi!

    Andei fuçando e encontrei um catálogo online que tem alguns registros de escravos daqui de Curitiba.

    O lance é pegar no pé mesmo e fuçar nos órgãos. Não é à toa que nessa busca encontrei vários artigos confirmando o que já sabíamos: o Paraná APAGOU o registro da cultura negra e portuguesa, como se a colonização houvesse ocorrido apenas com os imigrantes polacos e ta…

    É realmente uma pena que tanta coisa tenha se perdido.

    Obrigada pelo contato!

    um abraço!

  3. Estou realmente curiosa como achei relato sobre uma pessoa com o mesmo nome do meu falecido vô Miguel Soares Fragoso,entrei procurando pelo nome do meu vô porque estou a procura de um tio meu chamado Nestor Soares Fragoso sumiu ha 27 anos sai de casa para trabalha e nunca mais voltou a ultima noticia ha uns 5 anos viram ele em Florianopolis-Sc, um abraço!!


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