Friedrich Fendrich em Viena 2

Quando Friedrich Fendrich e sua esposa Catharina Zipperer deixaram a cidade de Viena, em 1875, o teatro Ringtheater ainda estava em pé. Na verdade, ele mal acabara de ser construído. As obras haviam se iniciado em 1872 e terminaram dois anos depois. A abertura oficial aconteceu em 17.01.1874, e o teatro se destinava a operas cômicas, em contraponto à seriedade do Wiener Hofober, outra casa de ópera da cidade. Em setembro de 1878, quando a família Fendrich não estava mais em Viena, o foco da casa mudou para as peças faladas, com óperas alemãs, italianas e variadas. O nome, então, foi mudado para Ringtheater.

Em 1881, a direção do teatro quis aumentar a capacidade de público do lugar, que já estava pequeno. Um arquiteto se viu forçado então a aumentar para cima a construção do teatro. As conseqüências foram desastrosas, pois no dia 08.12.1881, antes da apresentação do “Les contes d’Hoffmann” iniciou-se um incêndio que destruí totalmente o teatro, matando ao menos 384 pessoas que lá estavam para a apresentação.

Ruinas do Ringtheater, em dezembro de 1881

Como já estavam no Brasil há mais de seis anos, os Fendrich, naturalmente, nada viram desse incêndio ocorrido em Viena. Por essa razão, não entendemos e consideramos totalmente improcedente a afirmação de José Kormann de que Catharina Zipperer estava na capital austríaca no dia da tragédia.Em seu livro “O Tronco Zipperer”, Kormann afirma que Catharina era empregada na casa de um professor em Viena, e que ele não queria deixar os seus filhos irem ao Ringtheather naquela noite. A mãe, no entanto, permitiu que fossem escondidos, e o incêndio fez com que perecessem. Assim nos conta Kormann, que ainda afirma, equivocadamente, que a tragédia aconteceu dois anos depois, em 1883.

Ora, Catharina Zipperer e seu esposo Friedrich Fendrich estavam no Brasil desde 1875, e não há razão nem registro que nos levem a acreditar que tenham voltado para Viena depois disso. Em setembro de 1881, três meses antes do incêndio, nasceu em São Bento do Sul meu bisavô Frederico. Admitindo-se absurdamente que neste período eles voltaram para a capital da Áustria, a inquieta família já estaria de volta em 1883, quando batizaram o filho José em São Bento. Certamente não haveria dinheiro nem ânimo para tamanho empenho dar e, mesmo que houvesse, nada consta em livros de registros de passageiros.

Assim, não nos resta a menor dúvida de que a afirmação é falsa, pra não dizer totalmente absurda. Kormann não nos informa qual foi a sua fonte, e não me respondeu quando lhe perguntei sobre o assunto por correspondência. Praticamente nada se sabe sobre o passado da família Fendrich em Viena, mas uma coisa já é possível afirmar sem medo: eles não estavam lá quando o Ringtheater incendiou.

Published in: on 07/07/2010 at 11:23 PM  Comments (1)  
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Grandes Vultos de São Bento do Sul II

FENDRICH, Friedrich. (Lomnitz, 24/04/1843 – São Bento do Sul, 24/01/1906). Conhecido também como Frederico Fendrich. Homem culto, sapateiro de ofício, e considerado o primeiro professor do núcleo central de São Bento. Filho de Franz Fendrich e Maria Magdalena Trnka, cedo se mudou para a cidade de Viena, onde aprendeu a sua profissão e onde também se casou com Catharina Zipperer, filha de Anton Zipperer (ver) e Elisabeth Mischeck. Com sua esposa e uma filha pequena, imigrou ao Brasil no ano de 1875, a bordo do Barco Alert, que chegou ao porto de São Francisco do Sul em 14 de julho daquele ano. Instalaram-se no centro de São Bento, no local da antiga Caixa Econômica Federal, onde montou a sua sapataria. Reconhecido como homem de inteligência, foi incumbido de dar aulas para as crianças dos imigrantes, já que estas não possuíam qualquer auxílio escolar. Improvisou-se uma escola, anexa à sua casa, e lá Fendrich ensinou as crianças alemãs entre 1876 e 1879, até a chegada do padre Adalberto de Leliva Burowski (ver). Dividia a função de professor com o seu trabalho de sapateiro. Ensinou o seu ofício para os filhos Frederico Fendrich (ver) e Francisco Fendrich. Além deles, teve ainda os filhos Hedwiges Fendrich, nascida em Viena, Maria Catharina Fendrich, Amália Josefina Fendrich, José Fendrich (ver) e Rodolfo Fendrich. Foi por muito tempo o presidente da Sociedade Auxiliadora Austro-húngara, uma agremiação de auxílio-mútuo para os seus conterrâneos. Está sepultado no Cemitério Municipal de São Bento do Sul. É nome de uma escola no bairro de Serra Alta. (Fontes: “São Bento no Passado”, de Josef Zipperer, “São Bento do Sul – Subsídios para sua História”, de Carlos Ficker”, informações de seu neto Herbert Alfredo Fendrich, e “Famílias Tradicionais”, de Paulo Henrique Jürgensen).

Published in: on 06/12/2008 at 9:57 AM  Deixe um comentário  
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40 Anos do Falecimento de Anna Roesler

Minha bisavó Anna Roesler faleceu há 40 anos, no dia 14.06.1968, aos 77 anos. Era filha de Johann Rössler e Amalia Preussler, neta paterna de Franz Rössler e Antonia Lang, e neta materna de Bernard Preussler e Anna Jaeger. Lavradora, doméstica e cozinheira bastante conhecida na região, sempre ajudando nos eventos comunitários. Casada com Frederico Fendrich Filho, de quem já era viúva há 21 anos, teve 14 filhos, entre eles meu avô Herbert Alfredo Fendrich, que assim anotou essa triste data em seus registros:

“No dia seguinte, 14-6-68, tivemos em nossa família a maior tristeza da vida: a morte de minha querida mãe, que alcançou a idade de 77 anos. Depois deste acontecimento, faltei em alguns ensaios e tocatas. Mas nós devemos continuar.”

Anna está sepultada no mesmo túmulo de seu esposo e de seu sogro Frederico Fendrich, no Cemitério Municipal de São Bento.

Published in: on 14/06/2008 at 10:28 PM  Deixe um comentário  
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61 Anos do Falecimento de Frederico Fendrich Filho

Eram por volta de 18h40 do dia 25.05.1947 quando faleceu meu bisavô Frederico Fendrich Filho, em sua própria residência na Rua Visconde de Taunay 39, em São Bento do Sul, vítima de  “miocardite no curso de febre tifóide”, conforme atestou o Dr. Pedro Cominese. Era filho de Friedrich Fendrich, sapateiro e primeiro professor do centro da cidade, e sua esposa Catharina Zipperer, que imigraram em 1875 para o Brasil. Aprendera com o pai o ofício de sapateiro, tomando conta de “Sapataria Fendrich”. Contava então com 65 anos, e estava casado há 38 com Anna Roesler, filha dos imigrantes Johann Rössler e Amalia Preussler. O sepultamento seguiu para o Cemitério Municipal, e seu corpo foi sepultado no mesmo túmulo do pai, e onde posteriormente também descansaria Anna Roesler, falecida 21 anos depois.

Frederico Fendrich Filho e sua esposa Anna Roesler tiveram 14 filhos, dos quais apenas duas estão vivas. Há pouco tempo, faleceu Erna Fendrich, casada com Sebastião Sthäelin. E no passado faleceu o meu avô Herbert Alfredo Fendrich.

Ao que parece, Frederico Fendrich Filho gostava bastante de assuntos relacionados à história de São Bento. Destacou-se na Sociedade Atiradores da cidade. Chegou a exercer o cargo de vereador, quando ele não era remunerado. Participou da Sociedade Auxilidade Austro-húngara, da qual o pai havia sido presidente. Foi também o idealizador da primeira carroça fúnebre da cidade, sendo ele próprio o seu condutor na maioria das vezes. Em sua homenagem, há uma rua em frente do Hotel Urupês, ao lado da Sociedade Literária São Bento.

Published in: on 25/05/2008 at 11:23 AM  Deixe um comentário  
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Almoço de Família

Em 13 de julho de 1958, houve um almoço na casa de meus bisavós Rodolfo Giese e Catharina Bail, em Campina dos Crispim, Piên, onde também moravam meus avós Herbert Alfredo Fendrich e Dóris Isolda Giese. Foi convidada a família de José Fendrich Sobrinho, irmão de Herbert, e casado com Maria Tereza Linzmeyer. O prato servido foi churrasco de cabrito. Herbert, que havia tocado com a Banda Treml em Joinville na noite anterior, conseguiu chegar em casa a tempo, ao meio-dia.

Published in: on 23/05/2008 at 1:56 PM  Deixe um comentário  
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165 Anos do Nascimento de Friedrich Fendrich

No dia 24.04.1843, em Lomnitz, na Boêmia, nasceu meu trisavô Friedrich Fendrich, filho de Franz Fendrich e Maria Magdalena Trnka. Desconheço seus possíveis irmãos. Em algum momento, Fendrich se mudou para Viena, onde se casou com Catharina Zipperer. Com ela, e já com uma filha, Hedwiges Fendrich, imigrou para o Brasil em 1875. É o primeiro Fendrich brasileiro. Já em São Bento do Sul, cuidou da sua sapataria e foi o primeiro professor das crianças alemãs da cidade, por quase três anos. Posteriormente, foi presidente da Sociedade Auxiliadora Austro-húngara. Faleceu em 1906 e recebeu em sua homenagem o nome da escola “Frederico Fendrich”, em Serra Alta.
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Quanto aos seus antepassados, a exceção dos pais, o resto ainda é um mistério. Um pesquisador tcheco garantiu não ter encontrado evidência alguma de membros da família Fendrich nas cidades chamadas “Lomnitz” na República Tcheca (há mais de uma). O nome da mãe, “Trnka”, é visivelmente de origem tcheca, o que supõe alguma relação dos Fendrich por aquelas bandas. Faltam, no entanto, maiores evidências que permitam avanços à pesquisa.

Aniversário de Herbert Alfredo Fendrich

Meu avô completaria hoje 78 anos. Falecido em 30 de julho do ano passado, deixou um importante legado para sua família e para a cidade. Participou ativamente de várias atividades culturais, especiamente na música, e possuía bastante interesse histórico – dele, certamente, herdei o gosto. Grande foi o seu destaque na Banda Treml, onde tocou por 35 anos e deixou cuidadosos diários sobre ela. O canto coral também foi uma de suas paixões. Sempre se mostrava disposto a ajudar a todos que estivessen interessados em descobrir alguma coisa do passado de São Bento – inclusive eu, ajudado por inúmeras vezes quando pouco ou nada sabia sobre a cidade e sobre os familiares mais distantes. Futuramente, Herbert deve receber como homenagem o nome de uma das ruas de São Bento do Sul. Eis seu registro de nascimento:
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“Certifico que a fls 119v do livro N. 22 de registros de nascimentos, sob o termo N. 239, foi lavrado em 15 de abril de 1930 o registro do nascimento de Herberto Alfredo Fendrich, nascido em cinco (5) de abril de mil novecentos e trinta (1930), às 23 horas, à rua Argôlo, nésta Vila, do sexo masculino, de côr branco, filho de Frederico Fendrich, natural dêste Município e de Anna Fendrich, natural dêste município, domiciliados e residentes à dita estrada Argôlo, nêste Districto; sendo os avós paternos Frederico Fendrich e Catharina Fendrich e maternos João Roesler e Amalia Roesler. Foi declarante o próprio pai e serviram de testemunhas Paulo Grossl e Jorge Rank.
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O referido é verdade e dou fé.
Serra Alta, 25 de Junho de 1947.
Erico Bollmann, Oficial do Registro Civil.”
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Obs: A certidão de que tenho xerox, cópia datilografada do original manuscrito, foi tirada durante o pouco tempo em que a cidade foi chamada “Serra Alta”, logo depois voltando ao nome de sempre, com o complemento “do Sul”.
Published in: on 05/04/2008 at 3:33 PM  Comments (1)  
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117 Anos do Nascimento de Anna Roesler

No dia 02.04.1891 nasceu em São Bento do Sul minha bisavó Anna Roesler, filha dos imigrantes Johann Roesler e Amália Preussler. Anna casou-se com Frederico Fendrich Filho, e foi pessoa conhecida na comunidade, sempre ajudando em atividades comunitárias. Anos depois, foi homenageada com o nome de uma das ruas de São Bento do Sul.
Published in: on 02/04/2008 at 1:21 PM  Deixe um comentário  
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